Depois de um período com baixas taxas de desemprego -em que o
Brasil atingiu o pleno emprego, segundo o governo- o mercado de trabalho dá
sinais de fraqueza.
De acordo com o IBGE, o desemprego em fevereiro chegou a 5,9%,
crescendo tanto na comparação com janeiro, quanto com o mesmo mês de 2014. Em janeiro efevereiro o
país registrou corte de vagas formais, segundo dados do Caged (cadastro de
empregados com carteira assinada, do Ministério do Trabalho).
O cenário pode assustar, mas crise econômica não significa que
não haja contratações. "O que não se vê muito são vagas novas, de expansão
de negócios. Mas vagas de substituição sempre vão existir", afirma
Jacqueline Resch, sócia-diretora da empresa Resch RH, consultoria de
recrutamento e seleção.
Essa também é a visão de Richard Vinic, coordenador da pós em
marketing e vendas da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado) e diretor da 2B,
especializada em treinamento empresarial. "Dados que vêm das áreas de
seleção mostram que há vagas em aberto. E não são poucas."
Segundo eles, é importante lembrar que contratação não depende
só do mercado. "Um terço é fator externo, um terço é comportamento e um
terço conhecimento", diz Vinic.
Confira dicas dos especialistas para os profissionais
-empregados ou não- enfrentarem um mercado de trabalho em crise.
Mantenha a auto-estima
Segundo Vinic, a primeira dificuldade enfrentada por quem está
desempregado é a confiança.
"É preciso cuidado com a questão emocional. Às vezes, a
gente perde para nós mesmos", afirma. "Ao ver as notícias não
favoráveis da economia, pode cair em um conformismo".
É importante lembrar que existem vagas abertas. A questão é
encontrar uma posição para as suas competências.
Avalie seu trabalho
Vale tanto para quem está em busca, quanto para quem está
empregado e teme cortes. Com mais desempregados, a concorrência aumenta.
"As pessoas passam por ciclos. Há momentos em que
estamos investindo mais na vida profissional e em outros não", diz
Jacqueline Resch. "Talvez o profissional, mesmo contratado, deva voltar a
ficar atento e pensar em sua empregabilidade".
Reveja as avaliações de seus superiores, caso a empresa
tenha um processo formal de retorno. "A avaliação é um guia. Faz um
retrato do desempenho e apresenta oportunidades de desenvolvimento",
afirma Jacqueline Resch.
Busque conhecimento
Em um mercado competitivo, nunca é bom abandonar por completo os
estudos e o aprimoramento profissional. Isso é mais importante durante a crise.
Quem está desempregado deve dividir o tempo entre procurar oportunidades e se
aprimorar. E o orçamento apertado pode ser contornado.
"Hoje há muitas soluções disponíveis, cursos a distância,
inclusive gratuitos, ou palestras", diz Richard Vinic.
Resch afirma que as redes sociais são outra forma de driblar a
falta de dinheiro. "Pode buscar grupos de discussão em redes como o
LinkedIn. É uma forma de se expôr [ao mercado] e entrar em contato com
conhecimento".
E isso ainda gera oportunidades de networking. "De repente,
o palestrante ou seu colega de curso é um contratante", afirma Vinic.
Ative contatos e tenha cara de pau
Uma boa rede de contatos deve ser cultivada ao longo da
carreira, a todo momento. E é quando a situação aperta que ela pode gerar
frutos.
Na hora de buscar um emprego, também é importante deixar um
pouco do pudor de lado. "Ande com o currículo, não tenha vergonha,
exponha-se. É preciso ter um pouco de cara de pau", afirma Vinic. "É
uma questão de atitude. A competência comportamental é um fator para o sucesso.
Às vezes me falta técnica, mas minha atitude chama atenção".
Abra o leque de opções
Para Vinic, uma regra importante na carreira é não colocar todos
os ovos na mesma cesta. Ou seja, não aposte tudo em uma oportunidade só.
"Muitos colegas meus, que são professores, são profissionais do
mercado".
Se está desempregado e um emprego com carteira assinada está
difícil de aparecer, pode pensar em abrir o próprio negócio, ou oferecer
consultoria, por exemplo.
"Conheci um jovem de RH que se mudou para o Rio e não
encontrava emprego por causa do momento econômico. Por causa disso,
inscreveu-se em um doutorado", conta Jacqueline Resch. "Logo depois,
recebeu uma oferta de uma empresa à qual tinha se candidato há um tempo, mas aí
ficou na dúvida se aceitaria. Um plano B pode até virar prioridade".
Por Ricardo Marchesan
Fonte: http://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2015/04/02/esta-com-medo-da-crise-veja-o-que-fazer-em-um-mercado-de-trabalho-ruim.htm
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