“A paz que procuramos muitas vezes está no silêncio que não fazemos.”
Valorizamos tanto o poder das palavras que, por vezes, esquecemo-nos do valor do silêncio.
Desde cedo estudamos a nossa língua mãe. Aprendemos a conjugar os verbos, a usar corretamente os pronomes e a cuidar da ortografia.
Aprendemos muito sobre a forma, mas nem sempre sobre o conteúdo.
Somos muito valorizados pela nossa forma de redigir e de articular as palavras e muito pouco pela nossa capacidade de nos mantermos em silêncio.
De tal forma somos compelidos a responder a todas as perguntas, a reagir a todos os ataques, que deixamos de aprender que, por muitas vezes, um silêncio encerra a melhor resposta.
O mundo corporativo não caminha, corre a uma velocidade onde não existe tempo para o silêncio reflexivo capaz de trazer as melhores respostas.
A vida dos negócios nos fala, ou melhor, grita, que estamos em um mundo competitivo, quase selvagem, e que precisamos responder rápido, falar com propriedade, para não corrermos o risco de sermos deixados para trás.
Falar deixou de ser uma escolha, tornou-se uma exigência. Parece não haver mais espaço para a opção de manter o silêncio.
Mesmo sabendo que temos uma chance menor do nos arrependermos do nosso silêncio do que daquilo que dizemos, insistimos em falar. Precisamos falar.
Muitos profissionais buscam os cursos de oratória para falar melhor. São poucos os que fazem da meditação um hábito.
Falamos muito, apesar de não termos muitas convicções a respeito de nada.
Aprendemos tão bem a discutir os nossos pontos de vista, a apresentar os nossos projetos, que nos tornamos absolutamente convincentes sobre ideias que nem sabemos ao certo se acreditamos de verdade.
As palavras servem como um escudo para a nossa defesa. E, dependendo do perigo da situação, levantamos a voz para marcar o nosso território.
Simplesmente nos esquecemos que o grito é a forma de comunicação entre dois corações que estão muito distantes.
Por isso, apenas quando estamos enamorados, com os corações próximos, somos capazes de nos comunicarmos por sussurros, abraços e olhares.
Apenas aqueles que estão de bem com suas próprias almas são capazes de se comunicar através do silêncio.
Se as pessoas à nossa volta, em nossas casas, em nossos locais de trabalho ou em todo o mundo se apresentam de forma atroz, mais uma razão para aprendermos a manter o silêncio, sobretudo nos momentos críticos.
As nossas relações se tornam mais sólidas, mais consistentes, mais humanas quando somos capazes de dizer absolutamente tudo sem falar absolutamente nada.
Na esfinge encontramos quatro palavras “saber”, “ousar”, “querer” e “calar” que combinadas se tornam uma das mais profundas lições de relacionamento humano.
Dentre as diferentes combinações: “saber ousar”, “querer saber”, “ousar querer” , etc, provavelmente as mais difíceis, mais desafiadores e mais gratificantes sejam aquelas que envolvem o calar:
“Calar ousar”
“Calar querer”
“Calar saber”
“Saber calar”
“Querer calar”
“Ousar calar”
Saber se manter em silêncio, querer se manter em silêncio e ousar se manter em silêncio, eis aí um bom desafio para todos nós.
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