terça-feira, 24 de maio de 2016

A vaca no precipício - José Orlando Nussi

Um filósofo e seu discípulo resolveram fazer uma pesquisa e saber como viviam as pessoas na sua região. 

Chegando à primeira residência, foram recebidos pelos moradores: um casal, cinco filhos – todos com as roupas limpas, porém rasgadas. Depois de servir um cafezinho (tão fraco, que quase não conseguia sair do bule), dispôs-se a responder as perguntas do visitante. 

_O senhor está no meio desta floresta, não há nenhum comércio nas redondezas – observou o mestre ao pai de família. Como sobrevivem aqui? 

E o homem, calmamente respondeu:

_Meu amigo, a situação é muito difícil. Graças a Deus, temos aqui uma vaquinha que não nos deixa passar fome. Às vezes sobra um pouco de leite e, com essa parte, fazemos um pouco de queijo e vendemos na cidade vizinha. E assim vamos sobrevivendo. 

O filósofo agradeceu pela informação, contemplou o lugar por um momento e foi embora. No meio do caminho, disse ao discípulo: 

_Jogue a vaquinha deste pobre homem no precipício. 

_Não posso fazer isso, é a única forma de um sustento da família! – espantou-se o discípulo. 

O filósofo permaneceu calado. Sem alternativa, o rapaz fez o que lhe mandara o mestre, e a vaquinha morreu na queda. A cena ficou gravada em sua memória. 

Muitos anos depois, já um empresário bem-sucedido, o ex discípulo resolveu voltar ao mesmo lugar, contar tudo à família, pedir perdão e ajudá-la financeiramente. 

Chegando lá, para sua surpresa, encontrou o local transformado num belíssimo sítio com árvores floridas, carro na garagem e rapazes e moças bem vestidos e felizes. Ficou desesperado, imaginando que a humilde família tivesse precisado vender o sítio para sobreviver. 

Apertou o passo e foi recebido por um caseiro muito simpático. 

_Para onde foi a família que vivia aqui há dez anos? perguntou. 

_Continuam donos do sítio foi a resposta. 

Espantado, ele entrou correndo na casa, e o senhor logo o reconheceu. 

Perguntou como estava o filósofo, mas o rapaz nem respondeu, pois se achava por demais ansioso para saber como o homem conseguira melhorar tanto o sítio e ficar tão bem de vida.

_Bem, nós tínhamos uma vaquinha, mas ela caiu no precipício e morreu-disse o senhor. 

_Então, para sustentar minha família, tive que plantar ervas e legumes. Como as plantas demoravam a crescer, comecei a cortar madeira para vender. Ao fazer isso, tive que replantar as árvores e precisei comprar mudas, lembrei-me da roupa de meus filhos e pensei que talvez pudesse cultivar algodão. 

_Passei um ano difícil, mas quando a colheita chegou, eu já estava exportando legumes, algodão e ervas aromáticas. 

_Nunca havia me dado conta de todo o meu potencial aqui: ainda bem que aquela vaquinha morreu. Era um atraso em nossas vidas.

É necessário ver como está a sua vaquinha. 
Não lastime se ela cair no precipício. 

Erga a cabeça e lute. Você vai vencer!


Fonte: http://radiomundial.com.br

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