quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Mania de deixar as tarefas para depois atrapalha vida de muita gente

“Eu procrastino, tu procrastinas, ele procrastina…” É… o verbo procrastinar não é mesmo dos mais fáceis de conjugar: tripudia com a língua. Mas a verdade é que, por detrás da palavra de som desagradável e significado pouco conhecido, mora uma expressão fácil, que todo mundo no Brasil já ouviu pelo menos uma vez na vida. Procrastinar, afinal, nada mais é do que o famoso “empurrar com a barriga”. Ou, para usar outro lugar-comum, a mania de deixar para amanhã o que tinha tudo para ser feito hoje.
A forma verbal procrastinar quase sempre é confundida com a forma verbal postergar, explica Airton Soares, professor da Universidade de Fortaleza e autor de, entre outros livros, “O Mundo Fora de Esquadro”. A semelhança, entretanto, é só aparente. “Ambas denotam o ato de preterir, mas não são sinônimas. O procrastinador está sempre deixando as tarefas para o dia seguinte, enquanto quem posterga deixa tudo para ser resolvido numa posteridade indefinida”, explica.

No trabalho intitulado “O que é Procrastinação?”, o psicólogo clínico português, Nuno Conceição, vai mais fundo. Procrastinar, define, implica em deixar que as tarefas menos importantes antecipem as mais importantes: “Por exemplo, socializar com os colegas quando temos um projeto para entregar na próxima semana, ver televisão ou jogar computador em vez de estudar, falar de coisas superficiais com a namorada em vez de aprofundar os assuntos e preocupações relacionados com a relação, ou arrumar o quarto e organizar tudo até ao mais ínfimo pormenor, mas não estudar”.

Adiar crônico é que se torna problema
Para o psicólogo comportamental dos EUA, Joseph Ferrari, autor do livro “Procrastination and Task Avoidance” (“Procrastinar e Adiar Tarefas”), “deixar uma coisa ou outra para amanhã é perfeitamente normal”.

O problema, ressalva, é quando a procrastinação vira comportamento “crônico”, estilo de vida. “O procrastinador sempre tem uma desculpa pronta de por que deixou tudo para a última hora”, explica.
O psicólogo português Nuno Conceição aborda as duras conseqüências que o problema traz para a vida dos procrastinadores de carteirinha.

“Qualquer tipo de procrastinação envolve a decisão de adiar. Esta decisão pode levar a um alívio temporário imediato, mas a médio ou longo prazo pode conduzir a sentimentos de culpa, inadequação, autodepreciação, depressão, incerteza, ansiedade….”

O psicólogo lança mão do conceito de inércia para dimensionar adequadamente o fenômeno. Tendo em vista que uma massa em repouso tende a permanecer assim, observa, “são necessárias mais forças para iniciar a mudança do que para manter, o que convida ao adiamento do início das tarefas”. O adiar, por sua vez, leva a uma sensação temporária de conforto, mas só temporária porque logo torna-se ainda mais difícil agir no sentido inverso.

A boa notícia, enfatiza o psicólogo em “O que é Procrastinar?”, é que o comportamento aprendido pode ser também desaprendido.

Depois de tomar consciência de sua existência, a pessoa vai automaticamente, mas aos poucos, identificando de que são feitas e como se relacionam cada uma das engrenagens usadas para protelar. Daí para a mudança, é quase um pulo.

Fonte: http://www.bomdiabauru.com.br/index.asp?jbd=3&id=86&mat=134834

Nenhum comentário:

Postar um comentário