quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A busca pela felicidade no ambiente corporativo


O ser humano é uma caixa de surpresas que quando "aberta" pode revelar uma bagagem emocional única. Isso vale tanto para as situações que envolvem o lado pessoal quanto o profissional. Dentro desse universo comportamental, a história da humanidade mostra claramente personalidades em uma busca constante pela superação de desafios. Cada indivíduo, dentro da sua realidade, exerce seu papel e define de forma consciente ou não aquilo que trará para ele a prazeirosa sensação de felicidade.

Diante de constantes mudanças que o homem enfrenta, ele procura um espaço, um norte que o direcione à felicidade no ambiente de trabalho. Afinal, as pessoas passam mais tempo das suas vidas nas organizações do que em suas casas e junto dos que amam. Para falar sobre esse assunto que interessa a todos, independentemente do cargo que se exerça ou do segmento profissional, o RH.com.br ouviu o Dr. Paulo Gaudencio, médico psiquiatra, psicoterapeuta de grupos e em atendimento individual, e que há 30 anos atua em consultoria de diagnóstico empresarial e desenvolvimento humano. O foco dessa entrevista foi direcionado para a busca da felicidade no ambiente corporativo. Ao ser questionado se o trabalhador tende a ser feliz ou não, ele questiona e ao mesmo tempo responde objetivamente: "Em qual Brasil? No Brasil Suíça, o trabalhador brasileiro tem mais chances de encontrar a felicidade do que no Brasil Biafra". Confira a entrevista na íntegra e boa leitura!

RH.com.br - O mundo passa hoje por transformações constantes e isso impacta diretamente no comportamento das pessoas. Em sua opinião, qual o conceito que melhor se adequaria ao sentimento da felicidade?
Paulo Gaudencio - Afirmaria que o sentimento de felicidade é ter a razão e as emoções voltadas para uma atuação que dá prazer à pessoa.

RH - Felicidade é um "estado de espírito" momentâneo?
Paulo Gaudencio - Especialmente a parte emocional do ser humano se sente feliz quando está enfrentando um desafio ou quando o atinge. Uma vez atingido o objetivo desejado pelo indivíduo, a "sensação" de felicidade se apaga. A melhor maneira de acendê-la novamente é procurar um novo desafio para superar.

RH - A felicidade é uma busca constante das pessoas, mesmo que isso só ocorra de forma inconsciente?
Paulo Gaudencio - Sim. No seu livro "O Mal-Estar da Civilização", Freud coloca, com propriedade, a busca da felicidade como sendo a tarefa mais importante do ser humano.

RH - O desejo de conquistar a felicidade provoca sensação de insegurança?
Paulo Gaudencio - Provoca sim a sensação de insegurança no ser humano. Por quê? Porque para ter um desafio, eu preciso ter um objetivo a ser atingido e isto provoca uma sensação de insegurança, pois talvez eu possa não atingi-lo. Daí surge essa sensação de insegurança em tantas pessoas.

RH - Se a felicidade é almejada na vida pessoal, ela também se estende ao ambiente de trabalho. Que conotação é dada hoje a um profissional feliz?
Paulo Gaudencio - O ser humano passa a maior parte do seu dia, e a maior parte dos dias de sua vida trabalhando. Se a busca da felicidade é a tarefa mais importante do ser humano, esta busca vai se apresentar em todos os papeis, e, evidentemente , vai se dar também no papel em que a pessoa passa usa a maior parte do seu tempo. Por sua vez, a conotação dada ao profissional feliz é a mesma já citada: que ele tenha a cabeça e as emoções voltadas para uma atuação prazerosa.

RH - Quais os principais fatores que influenciam a felicidade no ambiente corporativo?
Paulo Gaudencio - Alem de enfrentar um desafio tendo tanto a sua racionalidade quanto sua parte emocional envolvidas nesse desafio, o fator essencial pare que o indivíduo seja feliz é que tenha um bom ambiente de trabalho para exercer suas atividades.

RH - Onde se evidencia mais profissionais infelizes: em baixos ou altos escalões? 
Paulo Gaudencio - Vou contar um episódio. Há alguns anos, eu conversava com um diretor de Recursos Humanos de uma empresa, quando soou um apito. Era o horário da saída dos operários. Saíram brincando uns com os outros, chutando latinha, rindo, alegres. Quinze minutos depois soou outro apito, que marcava a saída dos executivos daquela empresa. Cabisbaixos, em silêncio, como se estivessem carregando o mundo nas costas. Foi uma cena inesquecível. Por quê? Porque para os primeiros a continuação do trabalho ficava para o dia seguinte. Para os últimos, o trabalho ia para casa, dentro da pasta e da cabeça deles.

RH - A felicidade profissional esta diretamente relacionada ao sucesso ou isso é apenas um "mito"?
Paulo Gaudencio - Sem dúvida alguma, porque atingir o objetivo, vencer o desafio que está em nosso caminho traz a sensação de felicidade. Não acredito que seja mito.

RH - Se por um lado, o homem tem o livre arbítrio para tomar decisões que abrirão caminhos para uma carreira feliz, como as empresas podem colaborar para que isso seja concretizado?
Paulo Gaudencio - A organização pode contribuir para que o profissional tenha uma carreira feliz, ao respeitar e estimular através de condições básicas para a felicidade dos funcionários.

RH - O que caracteriza um ambiente corporativo feliz?
Paulo Gaudencio - Destacaria a presença do bom relacionamento com os pares e os superiores - importante papel da liderança -. Também devem existir desafios a enfrentar, respeito pelo seu QI - quociente de inteligência - e pelo seu QE - quociente emocional.

RH - Quais os grandes entraves que existem nas organizações, para que os profissionais encontrem a felicidade em suas atividades?
Paulo Gaudencio - Diria que seria principalmente o respeito pelo quociente emocional. Ou seja, a possibilidade que os funcionários devem ter para poder viver suas emoções adequadamente no papel profissional.

Fonte: http://www.rh.com.br/Portal/Motivacao/Entrevista/7013/a-busca-pela-felicidade-no-ambiente-corporativo.html

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