terça-feira, 19 de julho de 2011

O poder da persuasão - Ômar Souki

Howard Gardner, pesquisador da Universidade de Harvard, examinou as características de grandes líderes como Margareth Thatcher e Jack Welch e escreveu o livro Changing Minds—The Art and Science of Changing Our Own and Other People’s Minds (em português: Mudando Idéias—A Arte e a Ciência de Mudar as Idéias Próprias e as das Outras Pessoas).  


Gardner se concentrou na habilidade de comunicação das lideranças. 


Ele sugere que os líderes se utilizam de sete recursos fundamentais de persuasão:


1 - Razão: os líderes preferem argumentos racionais e objetivos. Estudam os prós e contras de cada ideia, e o fazem com clareza, para que seus interlocutores compreendam facilmente seu raciocínio.


2 - Pesquisa: reforçam seus pontos de vista com dados objetivos.  Gostam de estatísticas, fatos e outras informações que ajudam a sustentar suas opiniões de forma realista e coerente.


3 - Ressonância: demonstram sensibilidade ao ambiente e ao estado de espírito dos outros, isto é, modelam seu ambiente.  Buscam estabelecer ligações afetivas com seus interlocutores, que, por sua vez, tendem a se identificar com o pensamento do líder.


4 - Redescrição: repetem suas ideias de forma diferente, isto é, sua comunicação é redundante. Usam de dados, metáforas e histórias para passar a mesma mensagem básica de maneiras diferentes.


5 - Recursos e recompensas: enfatizam as vantagens e as recompensas que as mudanças propostas irão trazer.  Pintam um quadro colorido do futuro.


6 - Fatos realistas: sabem fazer uso das lições da história ou tendências macroeconômicas.  A citação de eventos grandiosos tende a influenciar as pessoas.


7 - Resistências: líderes de sucesso conseguem esvaziar as resistências encarando-as de frente e solucionando dúvidas — até mesmo antes de aparecerem.


Inserção feminina: uma revolução no estilo de liderança
O modelo militar, burocrático e autoritário do século 19 foi criado por homens e para os homens.  Porém desde a Segunda Guerra Mundial, o número de mulheres no mercado de trabalho mais do que triplicou.  


Estima-se que dois terços dos milhões de novos empregos criados na era da informática estão sendo ocupados por mulheres.


Até 2006, enquanto eu lecionava na universidade, minhas turmas de administração de empresas tinha uma presença feminina de aproximadamente 40%.  É possível que essa porcentagem tenha aumentado de lá para cá. E, em termos de qualidade e compromisso, pude observar que as mulheres, em geral, superavam os resultados obtidos pelos homens.


Para se ter uma ideia do crescimento da força feminina, a circulação da revista Working Woman (Mulher no Trabalho) pulou de 450.000 exemplares, em 1981, para 900.000 em 1988, sobrepujando as tradicionais Fortune, Forbes e Business Week.  


A tendência de crescimento da mídia empresarial feminina cresce em todo o mundo e o grau de empreendedorismo feminino está cada dia mais agressivo.  Na América do Norte, as mulheres estão abrindo empresas a um ritmo duas vezes maior que os homens. 


A mudança da composição do mercado de trabalho, com a presença maciça de mulheres, muda também o estilo de liderança.


Chegou a vez do amor
Observamos que o estilo participativo, baseado em princípios, tem se destacado pelos seus resultados positivos. Textos como Liderança baseada em princípios, de Stephen Covey, e O monge e o executivo, de James Hunter, sugerem que, quanto mais participativo for o líder, melhores serão seus resultados a longo prazo. 


Lideranças baseadas em princípios são luzes, não juízes, tornam-se modelos de comportamento e não críticos dos outros. Segundo Covey, essas pessoas guiam suas decisões por princípios aprendidos na natureza, onde só se colhe aquilo que se planta. 


De acordo com Hunter, o novo estilo de liderança é baseado no princípio do amor, e pode ser decomposto em nove componentes básicos: 

  • paciência (demonstra autocontrole); 
  • bondade (oferece atenção, apreciação e incentivo aos liderados); 
  • humildade (é autêntico, sem pretensão, sem arrogância); 
  • respeito (trata os outros independente da posição que ocupam na empresa, como pessoas importantes); 
  • abnegação (sabe como satisfazer as reais necessidades dos outros); 
  • perdão (desiste de ressentimento quando prejudicado ou incompreendido); 
  • honestidade (age de boa fé); 
  • compromisso (exige mais de si do que dos outros); 
  • foco no serviço (sabe quando por de lado suas vontades e necessidades, buscando o bem maior da organização ou da comunidade).

Conclusão: os princípios básicos
Ao refletir sobre os meus estudos de liderança e sobre as pesquisas de outros autores tais como Gardner, Covey e Hunter, e ao observar o que está acontecendo no mercado de trabalho, cheguei a três princípios básicos:


- Princípio da congruência: qualquer liderança eficaz começa sempre pela congruência no pensar, falar e agir;


- Princípio da comunicação: o líder eficaz sabe escutar e cultiva ressonância com o seu ambiente, isto é, valoriza o sentimento dos outros e modela a cultura na qual está inserido;


- Princípio do amor: a liderança de resultados é abnegada, isto é, estuda as reais necessidades de seus liderados e da organização e sabe como conciliá-las.


Ômar Souki (Ph.D. em Comunicação pela Universidade de Ohio. Lecionou na State University of New York e foi professor visitante das Universidades do Texas e de Denver, nos Estados Unidos, e de Aston, na Inglaterra. Foi professor de Marketing na Universidade Federal de Minas. É autor de livros sobre liderança, marketing, motivação e espiritualidade)
Fonte: http://www.hsm.com.br/editorias/principios-da-lideranca

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