Tente mover o mundo – o primeiro passo será mover a si mesmo. Platão
O ser humano pode ser considerado como a criatura mais elástica da face terrestre. O homem pode traçar os caminhos que desejar, pode refazer rotas e também pode construir ou desfazer objetos. A experiência do homem sobre a Terra sempre foi de duelos, sejam eles materiais ou emocionais.
Luta-se contra o poder da natureza como também contra o poder dos pensamentos negativos. Em uma palavra: flexibilidade.
O ser humano tem o princípio fundamental da elasticidade. Certas experiências e forças sociais “esticam” nossa sensibilidade para lugares que nunca imaginaríamos.
Experiências dolorosas como a morte de parentes, a perda de um bom emprego ou a perda de amigos queridos podem fazer com que este princípio de elasticidade seja perdido, deformado ou esquecido.
Para reativar esta maleabilidade (que é um dom de nascimento) criaram o termo resiliência. Trata-se de um padrão de comportamento que, mais do que nunca, deve ser exercitado por todos nós, devido ao ambiente de desafios em que vivemos, seja na organização, seja na vida pessoal.
O termo é originado no latim e significa “voltar ao estado natural”. Sendo assim, por analogia, ela é a capacidade adquirida de recuperação que o ser humano pode exercer quando passa por um trauma ou por uma perda grave.
O tempo todo passamos por desafios: perdemos amigos, empregos, objetos e pertences que gostamos e que muitas vezes têm valor sentimental para nós. Mas o que é ainda pior é que perdemos, com essas coisas, nossa estabilidade no mundo. Logo, a resiliência é o salva-vidas de nossa estabilidade, pois ela, ao invés de nos fazer fugir dos desafios, convida-nos a encará-los com medidas planejadas e conscientes.
O leitor está familiarizado com a expressão popular: “dar a volta por cima”. Desta maneira fica mais fácil entender o termo. Uma pessoa resiliente é aquela que exerce, com uma proposta mais imperativa, a competência emocional do autoconhecimento.
Nada está mais próximo do ato de se conhecer bem do que arcar com um desafio e tirar dele um ensinamento para recomeçar. Na verdade, dizem que o verdadeiro resiliente é aquele que não espera uma crise acontecer; ele se antecipa, porque está fundamentalmente conectado ao mundo, percebe os sinais do possível fracasso e usa todos os meios para controlar a situação. Assim, quando um problema grave vem bater à sua porta, já existe uma atitude sendo planejada. Uma medida legítima de autoconhecimento é não deixar um desafio dominar a situação e criar a obscuridade da indecisão.
A coisa mais fácil do mundo é se desesperar. Por estranha que pareça esta afirmação, devemos considerá-la como o lado oposto da resiliência. O desespero é o extremo oposto do autoconhecimento e da automotivação.
Quem se desespera não se conhece e, por isso, o mundo parece sair dos trilhos, parece ficar maior do que é. Contra o desespero causado por uma perda ou uma situação desagradável, as pessoas precisam conquistar novas atitudes para lidar com a vida. Sendo assim, a resiliência, além de ser o antídoto que restaura a elasticidade dos homens, é também uma proposta de autoconhecimento.
O desespero acontece quando:
- não administramos emoções;
* não controlamos impulsos;
* não temos otimismo;
* não mapeamos nosso ambiente corretamente;
* não temos empatia e não ouvimos;
* não buscamos eficácia na ação.
Obviamente, a resiliência é uma proposta elaborada dentro de um contexto sócio-histórico, pois carrega valores e significados. Cada grupo social reconhece suas necessidades mais urgentes e as tarefas que precisam exercer para vencer o desespero.
Atualmente, com o ambiente de mudança, fusões, crises, competitividade, negociação e conflitos, esta competência é fator fundamental. Não é possível falar de liderança sem tocar neste conceito.
O líder é justamente a figura que se autocontrola e que se automotiva. Com estes comportamentos, ele cria, na organização, um clima de atitude e respeito aos outros, que move qualquer equipe.
Como podemos interpretar nas palavras de Platão, o segredo da sagacidade é saber ser sagaz com os próprios movimentos emocionais. Apenas mudando o micro, poderemos mudar o macro, e a resiliência nada mais é do que um fenômeno positivo de um ser consciente de sua capacidade elástica de encontrar a felicidade e aprender com os desafios.
Minoru Ueda
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