“Quero vocês cheios de entusiasmo” –
disse um chefe de vendas à sua equipe poucos minutos antes da grande promoção
da ‘Black Friday’. Todos colocaram um sorriso no rosto e, enquanto as portas de
ferro da loja eram abertas, já se encheram de ânimo para vender o máximo de
produtos, na expectativa de conseguirem bater a meta estipulada para esse dia
de liquidações e promoções. Dos vendedores, um se destacava: ele não apenas
sorria, mas também ia atrás dos clientes, fazia perguntas, puxava conversa e,
em poucos minutos, viu de longe o chefe de vendas levantar o dedo polegar em
sinal de aprovação à atitude entusiasmada de seu melhor vendedor. Ao final do
dia, a meta foi atingida e o chefe agradeceu pelo entusiasmo de todos. Mas,
estaria ele usando a palavra corretamente? O que é entusiasmo?
Literalmente, a palavra traz a ideia
de ser cheio ou possuído pela presença de Deus (do grego en +theos,
literalmente, 'em Deus'). Muito além do que um sorriso no rosto ou animação
para vender, a palavra entusiasmo denota um estado de arrebatamento tal que se
pode dizer que a pessoa demonstra uma força que vai além de si mesma. Os
gregos, que inventaram essa palavra, achavam que, em algumas situações da vida,
a pessoa se supera de tal forma que – no pensamento deles – só pode mesmo estar
sendo suprida em força por alguma entidade espiritual.
Entusiasmo nasceu em um contexto
religioso, indicando um grau de superação próprio daqueles que têm fé. E talvez
seja esse mesmo um dos grandes significados de entusiasmo: superar-se em ânimo
através da fé. Quantas vezes vimos uma pessoa ir além de si mesma, superar-se,
lutar bravamente e, mesmo no ambiente mais hostil, erguer-se com um ânimo aparentemente
impossível de ser vivenciado, a não ser pela fé em um ser superior que pode
supri-la.
Pessoas entusiasmadas são aquelas que
estão ‘cheias de Deus’. Estão cheias de uma fé que as leva a experimentar uma
força que só pode ser compreendida como ‘vinda de Deus’. Pedir para alguém ser
entusiasmado é, em outras palavras, apelar para o lado espiritual, tão negligenciado
por alguns, mas tão real a ponto de explicar como alguém consegue vivenciar experiências
únicas e que só se explicam pela ação divina.
Em momentos de crise e dificuldade
como esse que vivemos no Brasil, pessoas precisam dessa fé para se erguerem dos
fracassos e encararem novos desafios. Precisam de algo que lhes dê motivação, e
isso será muito mais do que um sorriso no rosto ou um ímpeto de procurar por
alguém. Pessoas precisarão exercer sua confiança, desenvolver sua fé e, assim,
se entusiasmar no sentido literal da palavra.
O verdadeiro entusiasmo é mais do que
uma ação do tipo “sorria”. É encher-se de confiança, esperança, força, ânimo,
fé – e tais coisas extrapolam nossa força quando já não temos ferramentas
emocionais ou até intelectuais para lutar. Nesses momentos, precisamos nos apegar
à fé, a Deus, confiando, e aí sim, colocando um sorriso verdadeiro nos lábios;
então, uma grande força se apoderará de nós. E não será algo fingido ou
forçado: será a verdade de alguém que experimenta a força que apenas a fé pode
encontrar.
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